segunda-feira, 14 de novembro de 2011

EVENTO DEIXA SUA MARCA NA HISTÓRIA DA CAPOEIRA EM MACAPÁ

Os dias 11 e 12 de novembro de 2011 ficaram marcados para sempre na história da Capoeira em Macapá. Com a participação da principal escola privada, associações e grupos amapaenses, realizou-se o II Seminário e III Batizado de de Capoeira do Centro Cultural Raízes do Brasil. Sob a coordenação do Monitor Passarinho e de sua irmã Margarida. Contou com apoio da Faculdade Fama e da Escola Conexão Aquarela onde são desenvolvidos projetos e aulas no Centro de Treinamento com a modalidade Capoeira.


A festa foi em comemoração aos quatro anos de trabalhos realizados pelo Raízes do Brasil no estado, e este ano em especial contou a participação do Mestre Tucano/PI e Contramestre Fupegô ambos do estado do Piauí e visitando a cidade pela primeira vez. O evento foi iniciado no Auditório da Faculdade Fama na sexta-feira dia 11 com palestras e temas voltados a profissionais da modalidade e acadêmicos de educação Física: “Capoeira e Qualidade de vida” e “A Capoeira como instrumento pedagógico”. No sábado dia 12, na Escola Conexão Aquarela foi realizado o III Batizado de Capoeira de 53 crianças e adolescentes e participação de vários grupos de capoeira, a abertura foi com a execução do Hino Nacional Brasileiro ao som do berimbau, apresentação de Maculelê, Jogo de convidados e o ponto máximo da festa foi a troca de cordas de Jeniffer Margarida e do Monitor Passarinho, momento que emocionou a todos os alunos e pais que prestigiaram o evento. “Já participei de vários eventos pelo mundo afora, mas Macapá ficará marcada em minha trajetória de capoeirista, tanto pelas belezas naturais e principalmente em saber que a capoeira daqui está muito bem representada e organizada e parabéns ao Passarinho e a Margarida que sempre buscam o que há de melhor para repassar aos seus alunos” Declarou Mestre Tucano.

A próxima parada do Monitor Passarinho será ainda este mês em Belém do Pará e para encerrar o ano de 2011 irá participar do Encontro Das Amáricas e Europeu que será realizado de 12 a 18 de dezembro em Brasilía-DF.

Quer capoeira em sua escola ou academia??
Ligue agora: 96. 9143 9196
Monitor Passarinho











terça-feira, 18 de outubro de 2011

RAÍZES DO BRASIL COMEMORA QUATRO ANOS COM GRANDE EVENTO



Tudo pronto e confirmado o  II SEMINÁRIO E III BATIZADO de capoeira o Centro Cultural de Capoeira Raízes do Brasil no Amapá, comemorando seus quatro anos de representação no estado, desta vez com a presença confirmada de Mestre Tucano e C. Mestre Fú-Pago, ambos pela primeira vez em Macapá. Dias 11 e 12 de Novembro de 2011, na Faculdade Fama e Escola Conexão Aquarela. Imperdível!!!


Plantou, Surgiu...É Raízes do Brasilllll!!!!!!!!!!!!!


Informações sobre o evento:

PROGRAMAÇÃO OFICIAL

Sexta-feira - Dia 11 de novembro
Local: Auditório da Faculdade de Macapá

Programação:
17h00 as 18h00 - Credenciamento
18h00 as 19h00 - Palestra 1
Tema: " A Utilização da Capoeira como Instrumento Pedagógico"
Palestrante: Prof. Cristiano Silva Fú-Pagô - ( Pedagogo e Contra Mestre de capoeira)
19h00 as 20h00 - Palestra 2
"Capoeira e Qualidade de Vida".
Palestrante: Prof. José Gualberto (Mestre Tucano-PI / Educador Físico e Especialista em Atividade Física e Saúde)
20h05 as 20h55 - Aulão para acadêmicos de Educação Física
21h00 à 22h - Roda de Capoeira

Sábado - Dia 12 de novembro de 2011
Local: Quadra da Escola Conexão Aquarela

Programação:
09h00 - Abertura do evento
09h10 - Apresentação Maculelê
09h25 - Início do Batizado
10h00 - Apresentação HIP HOP
10h20 - Troca de Cordas
12h00 - Encerramento


Acadêmicos:
>> Investimento: R$ 10,00
>> Carga Horária: 08 Horas

>> Coordenação Amapá: Monitor Passarinho e Margarida
>> Contatos: 96. 9143 9196




quinta-feira, 6 de outubro de 2011

EM ALTA CAPOEIRA COMEMORA SEU DIA MUNICIPAL


Quem nunca parou pra ver? Quem nunca tentou aprender e ainda não conseguiu ou deu marteladas na vida? Quem nunca se apaixonou pelo som do berimbau? Pois é, capoeira é arte, emoção e esporte, mas acima de tudo inclusão. Neste terça(4) comemour-se o Dia Municipal da Capoeira e nada melhor que o professor Jefferson Passarinho para contar um pouco da história atual do esporte no Amapá “A realidade da capoeira no Amapá em termos técnicos não deve nada a nenhuma região do país. Porém no que diz respeito as políticas de implemento da modalidade na rede escolar municipal está bem distante de outros centros. Não há capacitação, divulgação e respeito com os profissionais em nosso município. Temos data para comemorar, mas precisamos refletir e buscar melhores condições de trabalho com base pedagógica e esportiva também” lembrou.
A capoeira é formada atualmente de 32 entidades entre grupos e associações organizadas pela Unicap ( União dos Capoeiristas do Amapá), que existe de outubro de 2004. “Não estamos aqui querendo levantar bandeira de A ou B na história administrativa, mas querendo que.. como no Governo do Estado, a prefeitura também faça sua parte, seja em Macapá como nos demais municípios. Já se provou que a presença da capoeira nas escolas tem melhorado a vida das comunidades e o grupo Raízes do Brasil é uma prova viva de resultados positivos através do esporte, com aula na Escola Conexão Aquarela que está em as melhores do estado e na Faculdade Fama, onde está se graduando em Educação Física, além de projetos sociais em vários bairros da capital amapaense e também já temos intercambio com a África, Noruega, Venezuela, Itália, Inglaterra, Japão, Estados Unidos.” destacou.
O dia 04 de outubro foi onde aconteceu a primeira aula de capoeira em academia e ocorreu na sede dos escoteiros em 1974, e a aula quem deu foi Mestre Ademar e nesta aula estavam presentes Mestre Grilo entre outros.
Os interessados em conhecer mais sobre capoeira e o grupo Raízes do Brasil podem acessar www.raizesdobrasilap.blogspot.com ou ainda ligar para 96. 9143 9196. E falar com Jefferson Passarinho.

Mário Tomaz
Redação Jornal do Dia
Macapá-Amapá-Brasil

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

CICLO DE PALESTRAS: INCLUSÃO E EDUCAÇÃO


A APAE MACAPÁ e Centro Cultural de Capoeira Raízes do Brasil/AP, realizarão nos dias 01 e 02 de outubro de 2011, o I CLICLO DE PALESTRAS - INCLUSÃO E EDUCAÇÃO, com o objetivo de promover a troca de informações e difundir metodologias, estratégias e procedimentos didático-pedagógicos que atendam as demandas de crianças e jovens com Deficiência Múltipla.

"Pretendemos com esse ciclo de palestras, promover a reflexão e o debate sobre as situações atuais que favorecem ou dificultam a inclusão de pessoas com Deficiência Múltipla, sob um enfoque funcional e interdisciplinar, capacitando assim, professores e demais agentes envolvidos no processo educacional" destacou Jefferson Passarinho.

Público Alvo

- Acadêmicos de Educação Física, Pedagogia e pesquisadores na área.
- Professores da Rede Estadual e Municipal de Educação;
- Demais profissionais que se interessam pelo assunto ou que atuam na área de Deficiência Múltipla;

Local: APAE MACAPÁ
Av. Paraíba s/n, entre Guanabara e São Paulo
Bairro: Pacoval

PROGRAMAÇÃO:

SÁBADO - 01 DE OUTUBRO

Manhã: 08h00 às 12h00

TEMA: DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E A EDUCAÇÃO
Palestrante: Prof. Edvânia Albuquerque Feitoza
- Especialista em Educação Física para pessoas com necessidades especiais
- Mestranda em Educação Física (Desenvolvimento Motor da criança com Síndrome de Down)

Tarde: 14h00 às 18h00

TEMA: INCLUSÃO EDUCACIONAL
Palestrante: Profª. Ivanilda Pinto de Holanda
- Pedagoga e Especialista em Psicopegagogia

DOMINGO - 02 DE OUTUBRO

Manhã: 08h00 às 12h00

VIVÊNCIA PRÁTICA
Atividades recreativas e educacionais para pessoas com Deficiência Intelectual e Múltipla

Inscrições:
Até dia 25 de setembro - R$ 25,00
Após o dia 25 de setembro - R$ 30,00

Carga Horária: 12 horas

Informações e Inscrições: 9143 9196 (Jefferson Passarinho)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

SECRETÁRIO DE DESPORTO E LAZER DO ESTADO PARABENIZA PELA CONQUISTA DA MEDALHA DE BRONZE



Na manhã desta quinta-feira, 25, o Professor de Capoeira Jefferson Santos, conhecido como Passarinho foi recebido pelo Secretário de Estado de Esporte e Lazer , José Pingarilho, em seu gabinete. Na ocasião, o secretário parabenizou o atleta pelo 3º lugar e o Melhor Jogo de Benguela, no campeonato Regional de Capoeira Raízes do Brasil realizado na cidade de Teresina-PI e ressaltou que a SEDEL está sempre disposta a ajudar a modalidade no estado. "A Secretaria de Estado de Desporto e Lazer continuará dando o total apoio para que atletas como Jefferson Passarinho continuem obtendo sucesso nas competições nacionais", afirmou. Esteve presente também a Deputada Estadual Cristina Almeida, parabenizando a conquista.

Locais de treino Raízes do Brasil em Macapá:


Faculdade de Macapá - Cabralzinho
3ª e 5ª: 18h as 19h
Responsável: Passarinho

Associação de Moradores do Renascer - Ranascer II
Sábado e Domingo: 19h as 20h
Responsável: Margarida e Passarinho

Centro Cultural Pena Verde - Zerão

Sábado e Domingo: 10h as 11h
Responsável: Passarinho

Escola Municipal José Duarte - Pacoval
3ª e 5ª: 18h as 19h
Responsável: Margarida

Escola Conexão Aquarela - Buritizal
4ª e 6ª: 18h as 19h
Responsável: Passarinho



terça-feira, 23 de agosto de 2011

AMAPÁ FICA EM 3º LUGAR NO CAMPEONATO REGIONAL DE CAPOEIRA RAÍZES DO BRASIL

Foi um sucesso o CAMPEONATO REGIONAL DE CAPOEIRA RAÍZES DO BRASIL, realizado na cidade de Teresina-PI, contou com a participação de seis estados da região Norte-Nordeste (Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Pernambuco). Com mais 300 participantes, divididos nas seguintes categorias: Infantil, Iniciante, Feminino I e II, Intermediário, Graduado e Absoluto, a participação do Amapá foi positiva, Jefferson Santos, conhecido como Passarinho foi o único representante do estado, participando da categoria de graduados amais equilibrada da competição, conquistando o 3º Lugar e recebendo também o prêmio de melhor Jogo de Benguela. " realmente as dificuldades foram imensas, a começar pela distância e o cansaço da viagem, mas conseguimos superar as dificuldades e com muita confiança consegui elevar a capoeira do Amapá a nível nacional". destacou.
Jefferson Passarinho diz também que o próximo passo é realizar em novembro o II Seminário e III Batizado de Capoeira do grupo em Macapá com a participação do Mestre Tucano, coordenador Geral do Raízes do Brasil-PI e intensificar os treinamentos para o XIV Encontro das Américas e Europeu de Capoeira que será realizado no fim do ano em Brasília-DF.
A viagem do atleta só foi possível graças aos colaboradores: Secretário Pingarilho da SEDEL, Faculdade de Macapá, Vereador Rilton Amanajás e Escola Conexão Aquarela.


* Mestre Touro, Graduado Selvagem, Gavião, Contra Mestre Corujito, Graduado Saltitante, Graduado Risada e Graduado Passarinho

terça-feira, 2 de agosto de 2011

MAIS UMA NOVIDADE DO RAÍZES DO BRASIL - AMAPÁ

Mais um vez o Raízes do Brasil, unidade Amapá, inova em relação a material de divulgação de nossa arte, desta vez com a gravação do primeiro cd de capoeira do estado do Amapá. São dez músicas inéditas e todas compostas por alunos de projetos, juntamente com professores, incentivando a produção artística através das musicas de capoeira. O cd conta ainda com uma homenagem a idealizadora do movimento de mulheres capoeiristas do estado do Pará, a saudosa Sílvia Leão, que era conhecida no mundo da capoeira como Pé de Anjo, aluna de Mestre Imar do grupo Dandara Bambula.
O cd encontra-se em processo de gravação e deverá ser lançado ainda em 2011.

domingo, 31 de julho de 2011

Saiba mais sobre a Lei 10.639

Após algumas reuniões com capoeiristas em Macapá, o assunto em pauta era sempre a Lei 10.639...portanto, abaixo segue um artigo muito interessante tratando da referida lei.
Leia e deixe seu comentário.


ALFORRIA CURRICULAR ATRAVÉS DA LEI 10.639

Bem vinda lei 10.639. Ainda que, no mínimo com um século de atraso, porém..., bem vinda. Sabemos dos desafios existentes que certamente farão parte dessa nova etapa, o que é comum quando tratamos de questões de tal complexidade. Não será por isso que devemos nos debruçar passivamente sobre os entraves postos ao longo de todos esses anos, inibindo qualquer possibilidade de mudança. Se não houver um início, nunca haverá mudanças. Por que esse privilégio para com os afros descendentes questionam uns? Não estaríamos criando exceções? Bradam outros. Não. A lei buscará democratizar - sem discursos panfletários - um dos maiores bens que um povo pode ter. O acesso a sua verdadeira história.

Diferente dos jesuítas que, por delegação do Rei de Portugal, encarregaram-se das iniciativas educacionais junto aos índios através das aulas régias, incutindo somente a cultura européia, haveremos de valorizar - conforme a lei 10.639 apregoa - no novo curriculum, a Cultura e História afro-brasileira. Naquela, a educação de cima pra baixo, elitizante e segregadora ditada pelos monarcas, ignorava negros e índios, concebendo-os como hereges, sem alma, sem história e amorfos. A temporalidade dos fatos atuais não permite que continuemos a conceber tais posições. Chega da elite, através das elites, educar para a elite.

Independente de revanchismos e excetuando a causa indígena, não podemos nos deixar confundir com situações localizadas. Diferenças existem e, grande parte das que assolam o século atual são conseqüências de um modelo econômico excludente. A reivindicação afro se apóia sobre o pilar de sua contextualização na base histórica nacional. Imigrantes europeus no Brasil tiveram sua inserção de forma diferenciada. Enclausurados em suas comunidades, muitos atualmente ainda mantém seus costumes, quer seja através da indumentária, do idioma e da não miscigenação. Ademais, não foram violados (pela força física), a virem para o Brasil. Alguns europeus receberam inclusive, incentivos para ocupar partes do território brasileiro. Diferente dos negros açoitados, que vieram como mercadoria para os trabalhos forçados e, após a chamada abolição da escravatura foram largados, desprovidos dos meios de produção, servindo então de presa fácil ao novo patrão, representado pelo mercado de trabalho.

Atentemos ainda nessa discussão a outros argumentos que se propõe a abordar (junto à questão do afro-descendentes), a outras desigualdades existentes. Chamam a atenção que deveria constar na pauta, reivindicações de outras minorias que também sofrem de racismos, como: asiáticos, judeus, árabes, índios e mulheres. Ora, se enveredarmos para exclusivismos, iremos, sem dúvida, aumentar essa lista indefinidamente. Gays, prostitutas, nordestinos, sem tetos, sem terra, sem emprego, analfabetos, mulheres, mulheres negras, ciganos, idosos, etc. O engano está em confundir o contexto histórico sócio-cultural, com a lógica pontual / localizada de interesses de grupos.

A Lei 10.639 de 09 de janeiro do corrente ano sancionada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva alterou a Lei de Diretrizes e Bases (LDB). A partir de então, tornou-se obrigatório a inclusão, no currículo das escolas de ensino fundamental e médio (públicas e privadas), o estudo da História e Cultura Afro-brasileira. Busca-se com isso, resgatar a contribuição da raça negra nas áreas sócio / econômico, política e cultural no cenário brasileiro. A lei propõe ainda, que os calendários escolares incluam o dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra.

É certo que, o primeiro e mais importante passo foi dado, pois, é através dos estabelecimentos de ensino - e não haveria melhor lugar para isso ocorrer - que se poderá enfim, abordar de forma didático - pedagógica todo um processo histórico cultural que envolve a presença da população afro em solo brasileiro. Será nos bancos escolares, a partir dos primeiros anos de vida que o aluno poderá tomar contato com uma história até então não contada. Ou melhor, contada pelo outro. Contada, porém, de forma deturpada, caricaturizada, omissa, vilipendiada, enfim, descolada da sua importância na formação da sociedade brasileira.

Muitos questionam e duvidam sobre as possibilidades da lei vingar, apregoando observações diversas que, num primeiro momento, parecem servir como entraves às mudanças propostas pela referida lei. Não sabemos até que ponto tais premonições podem se confirmar, uma vez que vem impregnadas de arcaísmos e cargas ideológicas conservadoras de um discurso oficial que percola os setores sociais ao longo de mais de um século de dominação. O que parece ser muito importante a partir da promulgação da lei é, principalmente, a existência - agora oficial - da mesma. A sua ausência, certamente contribuiria para que mantivéssemo-nos sem as mínimas perspectivas de reivindicações, o que vinha ocorrendo até então. Continuaríamos a (con) viver com a sombria desfaçatez européia envolvendo os compêndios escolares da sociedade brasileira e, mais nocivamente, continuar mantendo a população afro na mesma condição de subserviência e baixa estima humana, em todos os sentidos.

Os argumentos utilizados sobre os possíveis entraves que inibirão o bom funcionamento da lei parecem não proceder. Parecem tendenciosos e objetivam sim, (talvez inconscientemente), calar vozes, tentando - através de argumentos falaciosos - mascarar e ignorar um passado real de fatos aviltantes e mordazes, criados no continente africano e importados posteriormente para o Brasil. Não procedem porque, ignora em suas análises, a temporalidade dos fatos. Não procedem porque são sorrateiramente preconceituosos. Não procedem porque propõe a continuidade de um silêncio corrosivo. Isso por que? Porque a libertação do inconsciente e fortalecimento do consciente incomoda. A mudança incomoda, principalmente àqueles que amalgamados e já acostumados as atrocidades do cotidiano, locupletam-se do sistema e sentem que questionamentos dessa monta tendem a alterar posições.

Em recente estudo sobre as condições de vida de brancos e afro-descendentes nos setores ocupacionais e educacionais em bairros da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, BRANDÃO (2003) [1] , aponta grandes diferenças com relação à infra-estrutura urbana (água, esgoto, coleta de lixo e iluminação pública), em áreas habitadas por brancos e afro-descendentes. No setor educacional também ficou flagrante a desigualdade entre ambos, quando salta aos olhos inclusive, as disparidades existentes (para pior), nas diversas faixas etárias da população afro. Ainda no setor ocupacional, os afros-descendentes voltam a apresentar um percentual muito maior de chefes de família exercendo atividades em condições subumanas, precárias e subempregos. Nesse sentido observa o autor que, mesmo num espaço com a presença de brancos e afro-descendentes, esses últimos continuam a herdar as piores condições de sobrevivência.

O estudo remete a constatação de uma triste realidade em que, mesmo as mais difíceis condições de pobreza, não promovem uma completa homogeneização sócio-econômica entre brancos e afro-descendentes. Afirma o autor a impossibilidade de reduzirmos a questão racial no Brasil somente a uma questão de classe social. Os resultados mostraram nitidamente que, as políticas universais que vem ocorrendo, direcionadas à população pobre, apesar de muito bem aceitas, ainda não resolverão os graves problemas de segregação existentes, pois, mesmo inseridos num mesmo lócus (brancos e afro), as desigualdades continuam existindo e mais, tornam-se mais latentes nos afro-descendentes.

No setor educacional, CARNEIRO (2003), aponta a piora na qualidade do ensino nos últimos anos, de acordo com estudos realizados pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). Mostra-nos que tal queda, entre os anos de 1995 e 2000, atingiu com maior impacto os estudantes negros, quer seja em estabelecimentos públicos quanto nos privados. Avaliações posteriores demonstraram as diferenças existentes entre alunos afros e brancos, em termos de aproveitamento escolar. De acordo com a pesquisadora, entre os principais motivos das diferenças existentes, destacam-se os seguintes: má qualidade do ensino; escassez de repertório cultural das famílias negras, em geral, pobres ou abaixo da linha de pobreza e; sobretudo, o racismo presente no cotidiano escolar que perpetua um tratamento desigual, promovendo o esmagamento psicológico dos alunos negros, rebaixando as suas habilidades cognitivas e impactando negativamente o seu desempenho escolar.

Várias são as situações que enriquecem o cotidiano de exemplos, levando os afros-descendentes à condição de encarcerados em um isolamento refinado e sutil imposto pela senzala moderna. Mais nocivo ainda vem sendo essa pretensa democracia cultural imposta pelos donos do discurso oficial, que ainda insistem em querer continuar fazer-nos acreditar que estamos iguais. Não, não estamos iguais. Nesse sentido e, somente nesse, a lei já passa a se sustentar como um todo. Mostrará na prática, sua importância para as novas gerações quando, dentro de alguns anos tiver criado nos alunos, condições para reflexões. Não se trata de criar histórias alternativas, como pode parecer. A absorção conteudesca se fará em dois momentos cruciais: o cognitivo e o afetivo. Trata-se - á de (re) compor historicamente, uma lacuna abissal, ignorada tendenciosamente pelas elites brasileiras. Alias, nessa reflexão, RIBEIRO (1997, apud DOWBOR, 1998, p.8), entende que,

“Nada é mais continuado, tampouco é tão permanente, ao longo desses cinco séculos, do que essa classe dirigente exógena e infiel ao seu povo... Tudo, nos séculos transformou-se incessantemente. Só ela, a classe dirigente, permaneceu igual a si mesma, exercendo sua interminável hegemonia... Hoje seu desígnio é forçar-nos a à marginalidade na civilização que está emergindo”.
Para recompor o imenso vácuo criado pela classe dirigente brasileira, somente através de políticas que comecem a valorizar o ser como parte integrante de um processo. Enquanto isso não ocorrer, será impossível criar caminhos que possam integrar os afros, ao contexto social brasileiro. Paliativos não mais sustentam a realidade. O sentimento de pertença cidadã ainda se encontra muito insipiente no consciente da população afro-descendente. Resgatar é muito pouco. É preciso mesmo construir em pleno século XXI, um invólucro de situações/ oportunidades concretas, que possam consolidar no imaginário da população afro-descentente, não somente o sentimento, mas a certeza da sua inclusão social. Também economicamente, mas ainda mais sócio/ histórico e culturalmente, se reconhecendo - os afros descendentes - como sujeitos do processo.

É praticamente impossível - conforme sugerido por alguns - ensinar nas nossas escolas que o racismo é errado. Não fica, não pega, não cola. Será uma imposição oficial, de cima pra baixo e sem nenhum respaldo. Aí sim, cabe perguntarmo-nos sobre, quem irá ensinar ao outro, como não ser/ ter racis (ta) (mo). Estaremos incursionando, mais uma vez, pela via da imposição lacrimosa, sofrível e pior ainda, mais uma vez pela porta dos fundos.

No contexto brasileiro, evocamos o papel que a educação pode assumir, através de discussões voltadas à valorização e esclarecimento, não somente do patrimônio (histórico-cultural, arquitetônico, ambiental, etc), mais ainda, sobre a importância do significado que a cidadania coletiva pode ter na busca na valorização do homem. Cidadania essa que só pode ser construída, de forma gradativa em cada dia de vida dos alunos. PENTEADO (1994 apud ARAUJO, 2003) aponta para o entendimento diferenciado de alguns, chamando a atenção que, diferente da cidadania representativa atual, proposta por determinados grupos interessados em manter o status quo, se faz necessária a presença de uma cidadania participativa, onde toda a sociedade esteja incluída. Essa pertença cidadã só será possível pela construção do conhecimento, busca da veracidade dos fatos, origem e interesses envolvidos e não somente nos projetos políticos pedagógicos, que variam de propósitos e estratégias nos estabelecimentos de ensino.

As políticas corretivas ajudam muito, porém, não reúnem condições de criar nessa imensa geração afro-descendente, bases de sustentação do conhecimento do seu passado para a valorização do presente. Somente através da construção do conhecimento, de suas raízes, seu histórico e sua contribuição na construção da nação brasileira, poderão os afros, enfim, construírem um sentimento de auto - estima. Ao contrário, estarão sempre na condição de reféns. Por isso a importância de se apostar na construção, via curriculum ,de uma nova base de sustentação afro-cidadã.

Faltam professores preparados, questionam uns. Ora, temos que começar a prepará-los. Para reduzirmos as disparidades existentes, temos que investir nessa empreitada e, não existe caminho mais sólido e verdadeiro que o educacional. Será um projeto de curto e médio prazo e, com certeza, não mais extenso que a implantação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Afinal, dentro de, no máximo quatro anos, poderemos ter uma primeira geração de educadores aptos a incorporarem no cotidiano escolar, a cultura afro.

Como medida emergencial deverão constar nos projetos políticos pedagógicos das escolas uma discussão acerca dos conteúdos sobre cultura afro. Tal como foram sugeridos - entre outros - os temas transversais, os conteúdos referentes à cultura afro-brasileira poderão fazer parte dos programas e estratégias desenvolvidos em cada unidade escolar. Conforme apontado pela LDB, todo e qualquer conteúdo que valorize a identidade cultural sinaliza como forma de reconhecimento e afirmação da cidadania.

A miscigenação (racial e cultural) presente nos estabelecimentos de ensino já vem permitindo uma prática mais democrática e igualitária no reconhecimento da heterogeneidade brasileira. Sendo assim, não há o que temer quanto à ausência de profissionais formados exclusivamente para desenvolverem temas referentes, visto que, as desigualdades e injustiças, práticas racistas, discriminações e outros, fazem parte do cotidiano brasileiro, bastante perceptíveis na ordem do dia. Cabe ao governo, a partir de então, acionar as universidades na inclusão como parte integrante do currículo obrigatório - o mais rápido possível - em seus planos de trabalho, módulos ou disciplinas específicas sobre o tema. Certamente, profissionais desejosos em divulgar diversos trabalhos já desenvolvidos nas dependências dessas universidades, terão plenas condições de formarem outros para atuarem na construção de uma nova prática mais justa, igualitária e cidadã, pela via da educação.


JOEL DE ARAUJO* & PATRYCIA DE RESENDE CARDOSO**
* Docente da Universidade Federal Fluminense/ UFF. Doutorando em Educação / UFRJ. Coordenador do Pré - Vestibular comunitário prof. Milton Santos;
**Docente das Redes Municipal e Estadual de Ensino - RJ. Mestre em Educação /UFF

sábado, 16 de julho de 2011

CD "CAPOEIRA DE BESOURO" VENCE DUAS CATEGORIAS NO PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA


A CAPOEIRA se fez presente e vencedora no tradicional e respeitado PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA que em sua 22a edição premiou o cd "CAPOEIRA DE BESOURO" de Paulo Cesar Pinheiro como vencedor das duas categorias a que concorreu: Melhor Álbum Regional e Melhor Projeto Visual.

A cerimônia de premiação aconteceu no último dia 6 de julho no Teatro Municipal do Rio de Janeiro onde Paulo Cesar Pinheiro recebeu os troféus ao lado de Zeca Pagodinho, Monarco, Mauro Diniz, Emílio Santiago, Alcione, Elba Ramalho, Arnaldo Antunes, Lulu Santos, Vanessa da Mata, Roberta Sá, Zezé Di Camargo e Luciano entre outros vencedores das demais categorias.

O cd "CAPOEIRA DE BESOURO" produzido por Luciana Rabello, é uma homenagem a Besouro Mangangá, à capoeira, à Bahia, ao Brasil. Nada mais natural e bonito que tenha sido abraçado e apresentado ao mundo através do olhar e das bênçãos de Maria Bethânia - legítima e fiel filha de Santo Amaro da Purificação, que lançou o cd através de seu selo/gravadora QUITANDA.

O cd "CAPOEIRA DE BESOURO" contou com a participação dos capoeiristas Victor Lobisomem e Mestre Camisa que tocaram os berimbaus ao lado dos renomados músicos Maurício Carrilho(violão), Celsinho Silva(pandeiro), Paulino Dias(atabaque e percussão) e Luciana Rabello(cavaquinho).
A carreira de Paulo Cesar Pinheiro teve inicio com Besouro, quando o poeta em parceria com Baden Powell venceu a Bienal do Samba com “Lapinha” - samba imortalizado na voz de Elis Regina, composto sobre refrão recolhido em rodas de capoeira:
“Quando eu morrer me enterrem na Lapinha/Calça-culote, paletó-almofadinha.”
Assim, sem ter idéia da carreira que iniciava e da grandeza do que iria construir na nossa música, Paulo adentrava os portais da música e da poesia, aos 16 anos, conduzido pelas mãos da CAPOEIRA e de Besouro Mangangá.
Em 2006, foi montado o musical “Besouro Cordão de Ouro”. As músicas do cd foram feitas originalmente para esta peça que também Recebeu o Prêmio Shell de Teatro na categoria Melhor Música e Direção Musical! E o Besouro continua seu voo.
A comunidade da CAPOEIRA agradece a PAULO CESAR PINHEIRO a oportunidade de levar nossos BERIMBAUS e a música da nossa arte a mais um reconhecimento de nosso valor através do PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA !

Fonte: Reginaldo da Silveira Costa

sábado, 18 de junho de 2011

NÍVEL DE FLEXIBILIDADE DO QUADRIL EM PRATICANTES DE CAPOEIRA

Esta Monografia foi apresentada por Mestre Touro à Universidade Federal do Piauí – UFPI como requisito para conclusão do Curso de Licenciatura Plena em Educação Física.

RESUMO

A capoeira é um esporte que exige de seus praticantes certo nível de flexibilidade da articulação do quadril, para que sejam realizados gestos com grande mobilidade articular sem riscos de lesões. O presente estudo tem como objetivo avaliar o nível de flexibilidade do quadril em praticantes de capoeira da zona norte de Teresina-Piauí. Trata-se de uma investigação descritiva com característica de estudo de caso, a amostra foi composta por 35 sujeitos voluntários do sexo masculino, com idade média de 24,34 anos. Os sujeitos foram avaliados através do teste de sentar e alcançar, proposto originalmente por Wells e Dillon (1952) e, classificados de acordo com o nível recomendado para saúde sugerido por Nieman (1999). Os dados coletados foram exportados para o programa Microsoft Excel (2007), para que fossem calculados os valores médios, percentuais e desvio padrão. Os resultados demonstraram que 65% dos capoeiristas estão acima do nível recomendado para saúde. Conclui-se que a prática regular da capoeira é uma atividade esportiva que pode proporcionar a aquisição, manutenção e o aumento da flexibilidade no quadril de seus praticantes.


Palavras-chave: Capoeira, flexibilidade, quadril.

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a capoeira vem passando por um processo de expansão. Essa modalidade que por muito tempo foi proibida de uma forma severa, atualmente é praticada nos mais variados locais, tanto no Brasil como no exterior. Segundo Vieira (1995) a capoeira é uma modalidade de luta praticada ao som de cânticos e instrumentos musicais, o mesmo autor afirma que esse combate foi criado no Brasil, como uma das estratégias de resistência física e cultural à escravidão.
Silva (2008c) relata que a capoeira possui aspectos característicos de um eficiente sistema de defesa pessoal e de treinamento físico. No treino e nas rodas de capoeira, o praticante executa movimentos que trabalham várias qualidades físicas, dentre elas, encontra-se a flexibilidade, que de acordo com Platonov (2003) é definida como mobilidade articular, que compreende as propriedades morfofuncionais do aparato locomotor, que determina a amplitude de distintos movimentos.
A maioria dos movimentos da capoeira são realizados com os membros inferiores, dessa forma é indiscutível a necessidade de um bom nível de flexibilidade na articulação do quadril, pois, essa articulação é uma das principais dos MMII em razão do número de movimentos que ela proporciona. De acordo com os estudos de Barbanti (1989) a flexibilidade possibilita a execução de movimentos com grandes amplitudes de oscilação nas várias articulações participantes. Achour Júnior (2009) complementa ao afirmar que ela é considerada um importante componente da aptidão física, relacionada à saúde e ao desempenho atlético.
Segundo Nahas (2001) a flexibilidade varia conforme a idade e o nível de atividade física, e as pessoas pouco ativas e com mais idade são, em geral, menos flexíveis, com menor mobilidade articular e elasticidade muscular. Conforme Dantas (1999) para que haja o desenvolvimento da flexibilidade é necessário que os exercícios realizados atinjam a máxima amplitude de movimento. Observa-se que a capoeira solicita de seus praticantes uma grande amplitude nos movimentos dos membros inferiores. Portanto, especula-se que a prática regular da capoeira poderá desenvolver a flexibilidade do quadril nos capoeiristas.
Diante do exposto, o objetivo desse estudo é avaliar o nível de flexibilidade em praticantes de capoeira da zona norte de Teresina – Piauí. A fim de responder a seguinte indagação: qual o nível de flexibilidade do quadril em praticantes regulares de capoeira? E assim, possibilitar a inferência da prática regular da capoeira na aquisição, manutenção e no aumento da flexibilidade do quadril de seus praticantes.
A estrutura do estudo que aqui se apresenta, esta delineada de forma a dar resposta aos objetivos previamente formulados e, simultaneamente, fornecer alguma consistência teórica ao quadro prático em que se desenvolve. Deste modo, acredita-se, ser fundamental promover de forma clara o entendimento dos assuntos aqui expostos, para isso, a estrutura desse estudo está classificada em cinco capítulos.
No primeiro capítulo, aborda o problema e introduz o ambiente no qual se desenvolve o estudo e explica as razões que levaram à escolha do tema. No segundo capítulo, apresenta a referência bibliográfica no âmbito da capoeira, flexibilidade e da articulação do quadril. No terceiro capítulo, descreve-se a metodologia utilizada, nomeadamente no que se refere à caracterização da pesquisa, amostra, ao instrumento e aos procedimentos para coleta e análise dos dados. No quarto capítulo, realiza-se a análise e discussão dos resultados. Por fim, no quinto capítulo, apresenta-se as considerações finais do estudo.

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1 CAPOEIRA: ORIGEM E CONTEMPORANEIDADE

A origem da capoeira é um assunto que gera controvérsias no meio capoeirístico, pois, existem três correntes de pensamentos que dividem opiniões: a africana, a brasileira e a afro-brasileira. Capoeira (1998) afirma que a capoeira nasceu de uma mistura de diversas lutas, danças, rituais e instrumentos musicais vindos de várias partes da África e, que essa mistura foi realizada em solo brasileiro, durante o regime de escravidão. Para Santos (1990) a capoeira surgiu no Brasil por um processo de aculturação, em prol da liberdade humana da raça negra, escravizada pelos dominantes na época do Brasil colonial.
De fato, a teoria mais aceita entre os estudiosos é que a capoeira é uma manifestação afro-brasileira. Estes entendem que ela se desenvolveu no Brasil no período da escravidão, como luta de resistência aos seus opressores, inspirada em gestos de animais, rituais e costumes africanos. Rêgo (1968) é um dos autores que defende essa idéia, em sua obra ele afirma que a capoeira nasceu no Brasil, criada pelos africanos e desenvolvida pelos seus descendentes afro-brasileiros.
A prática da capoeira foi proibida e duramente reprimida pelo Código Penal de 1890, a partir desse momento os capoeiristas não tiveram mais sossego, eram vítimas das mais diversas barbaridades, não precisavam estar em ação ou ser autuados em flagrante, bastava apenas ser capoeirista (AREIAS, 1998). Apesar da proibição imposta pelo governo, os praticantes de capoeira continuaram a exercitar a sua arte às escondidas, em quintais, nas praias, nos arredores das cidades e transmitiram os seus ensinamentos às gerações futuras.
Em 1930, Getúlio Vargas liberou uma série de manifestações populares, dentre elas, a capoeira. Como luta, deveria ser exercida apenas como defesa pessoal e esporte, praticada em locais fechados e por pessoas consideradas “idôneas e de bem”, devendo assim, transformar-se em esporte nacional (AREIAS, 1998). A partir desse momento, a capoeira passou a ser praticada em todos os lugares das cidades.
Dentro desse contexto, surgiram dois grandes nomes da capoeira, Mestre Bimba e Mestre Pastinha, esses dois mestres são os principais representantes dessa arte. Mestre Pastinha é considerado pelos mestres mais famosos de sua época como o mais perfeito capoeirista do estilo Angola, esse estilo é caracterizado por um jogo lento, cadenciado, com movimentos furtivos, executados próximo ao solo. Já mestre Bimba, é o criador da capoeira Regional, estilo de capoeira que surgiu a partir da união da capoeira angola com o batuque, esse estilo é marcado por uma movimentação mais veloz, golpes sequenciados e acrobáticos. De acordo com Mello (2002) uma vertente não anula a outra, nem tampouco a ela se sobrepõe, ambas se complementam, formando o universo simbólico e motor da capoeira.
A musicalidade é a principal característica que diferencia a capoeira das outras lutas. A roda de capoeira se desenvolve ao som de uma orquestra (bateria) formada por três berimbaus, um atabaque, dois pandeiros, agogô e reco-reco. Os capoeiristas também utilizam canções, que não servem apenas para acompanhar os ritmos dos instrumentos, mas para transmitir ensinamentos.
Nos últimos anos o número de praticantes de capoeira tem passado por um processo de expansão, acredita-se que essa aceitabilidade seja um reflexo da diversidade que a capoeira oferece em sua prática, pois, a capoeira pode ser trabalhada nos seus mais variados aspectos: dança, arte, luta, defesa pessoal, desporto, lazer, educação, folclore, preparação física e filosofia de vida. Atualmente a Capoeira é praticada em variadas instituições da sociedade, como escolas, academias, universidades, clubes, centros comunitários e projetos sociais.

2.4 CAPOEIRA E FLEXIBILIDADE

O jogo (luta) da capoeira é um confronto entre dois praticantes, em que eles mostram as suas capacidades de ataque e defesa. A sucessão de movimentos gera uma verdadeira dança metafórica, com gestos harmoniosos, flexíveis e ágeis. Por esse motivo é frequente as pessoas falarem que para praticar capoeira é necessário que o corpo tenha um alto nível de flexibilidade. No entanto, os saltos e os movimentos que exigem maior flexibilidade e agilidade na capoeira, são consequências da aprendizagem e não o contrário (SILVA, 2008a).
Uma grande parte da preparação física dos capoeiristas é voltada para o aumento da flexibilidade. Os treinos de capoeira iniciam com um leve aquecimento, em seguida são realizados alongamentos e flexionamento, muitas vezes, baseados nos próprios movimentos da capoeira. Segundo Dantas (1999) o alongamento é empregado para manutenção dos níveis de flexibilidade e o flexionamento para o desenvolvimento da flexibilidade.
É perceptível a utilização dos membros inferiores na grande maioria dos movimentos realizados na capoeira, logo, o uso do quadril é inevitável, pois, sabe-se que é essa articulação que permite os movimentos desses membros. O mais frequente é que se somem vários movimentos do quadril e que se realizem em direções mistas, como por exemplo: flexão + abdução, extensão + adução ou extensão + abdução.
Um dos movimentos mais conhecidos na capoeira é a ginga, nela o capoeirista se posiciona com uma perna flexionada e a outra estendida, a ginga é a matriz, a origem de todo o repertório da capoeira, é a partir da ginga que o capoeirista realiza os demais movimentos (SILVA, 2008a).
Assim como a ginga, vários movimentos utilizados na capoeira como: esquiva, meia-lua, armada, queixada, benção e tantos outros, necessitam de uma boa flexibilidade na região do quadril para que possam ser realizados com grande amplitude, próximo ao seu limite máximo, com suavidade, graça e de forma harmônica. Dantas (1999) afirma que uma boa flexibilidade permite a realização de arcos articulares mais amplos, possibilitando a execução de movimentos e gestos desportivos que, de outra forma seriam impossíveis.
A flexibilidade geral dos praticantes de capoeira tem tendência a ser maior do que a flexibilidade de sedentários e de atletas de determinadas modalidades esportivas, pois, o corpo do capoeirista funciona como um pêndulo, o qual realiza movimentos para trás e para frente, para baixo e para cima, de um lado para o outro, logo, na capoeira tudo é movimento (SILVA, 2008b).
É importante ressaltar os benefícios que a flexibilidade proporciona ao praticante de capoeira, sabe-se que quanto maior índice de flexibilidade, menores são as chances dos movimentos provocarem lesões e que essa valência física melhora consideravelmente a técnica, agilidade e a coordenação motora, fatores sumamente importantes para o desenvolvimento do capoeirista.
A essência do jogo da capoeira pede que o seu executante adquira flexibilidade, ao contrário de outras artes marciais, embora, atualmente exista um consenso geral da importância do trabalho de flexibilidade em qualquer atividade física.

2.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE FLEXIBILIDADE

O termo flexibilidade é derivado do latim flectere ou flexibilis, que significa “curvar-se”, ou, “habilidade de ser curvado, flexível”. A procura por uma definição para flexibilidade não é uma tarefa tão fácil quanto encontrar sua origem etimológica. É um trabalho árduo, pois envolve variados conceitos que provocam situações conflitantes entre diversos autores.
Barbanti (1981), Alter (1999a) e Achour Júnior (2009) abordam a flexibilidade no sentido de mobilidade articular, por envolver o movimento sobre articulações de forma ampla em todas as direções. De acordo com os estudos de Dantas (1999) a flexibilidade é definida como qualidade física responsável pela execução de movimentos voluntários de amplitudes máximas dentro dos limites morfológicos, dependente tanto da elasticidade muscular quanto da mobilidade articular.
Podemos classificar a flexibilidade em ativa ou passiva, é considerada ativa quando se utiliza a contração do músculo agonista, ou seja, alcança-se uma grande amplitude articular apenas pela atividade muscular, sem ajuda externa. É denominada passiva a flexibilidade que utiliza forças externas (aparelhos, parceiros, etc.) ou o próprio peso corporal para alcançar uma maior amplitude de movimento, sabe-se que a flexibilidade passiva é sempre maior que a ativa (BARBANTI, 1981).
Existem várias informações sobre os benefícios e malefícios que a flexibilidade pode causar a saúde. Entre os benefícios, incluí-se uma boa mobilidade articular, aumento da resistência à lesão e as dores musculares, diminuição do risco de lombalgia e outras dores na coluna, melhoria na postura, movimentos mais graciosos do corpo e melhoria da aparência pessoal e da auto-imagem, melhor desenvolvimento da habilidade para práticas esportivas e diminuição da tensão e do estresse (NIEMAN, 1999). Autores como Blanke (1997) citado por Marchand (2002) afirmam que a flexibilidade excessiva pode provocar instabilidade articular gerando: entorses articulares, osteoartrite e dores articulares.
As atividades da vida diária (AVDs) envolvem exercícios de flexibilidade, os quais devem predominar com exercícios ativos e dinâmicos, a fim de proporcionar à articulação maior nutrição com componentes elásticos, isso ocasionará ao praticante melhor nível de flexibilidade com o avançar da idade (MARINS 2008 apud CRUZ et al. 2010). O bom nível de flexibilidade varia de acordo com a necessidade de cada um, logo, a boa flexibilidade é aquela que permite ao indivíduo realizar os movimentos articulares, dentro da amplitude necessária durante a execução de suas atividades diárias, sem grandes dificuldades e lesões (BLANKE, 1997 apud MARCHAND, 2002).

2.5 FATORES INFLUENCIADORES DA FLEXIBILIDADE

A flexibilidade de uma articulação é determinada por quatro fatores: o formato das superfícies articulares; a tensão na cápsula articular e nos ligamentos; massa de partes moles, principalmente do músculo esquelético, circundando os ossos que formam a articulação; e a extensibilidade dos músculos esqueléticos que controlam o movimento da articulação (WATKINS, 2001 apud SCHMIDT, 2005). De acordo com Fox & Mathews (1991), as estruturas de tecidos moles contribuem para a resistência articular, sendo por ordem decrescente: cápsula articular – 47%, músculos – 41%, tendões – 10% e pele – 2%.
Os valores da flexibilidade podem ser estimados dependendo da herança genética de cada indivíduo, podendo também ser diferente em articulações bilaterais e entre pessoas da mesma família. A flexibilidade se desenvolve durante a infância e até o princípio da adolescência, e depois diminui ao longo da vida (ACHOUR JÚNIOR, 2009). Embora a flexibilidade diminua com a idade, a perda parece ser minimizada nas pessoas que permanecem ativas (ALTER, 1999a).
Em geral o sexo feminino é mais flexível que o masculino, isso ocorre devido à existência de diferenças hormonais e anatômicas. Alter (1999b) apresenta em seus estudos um argumento para essa afirmação, ele relata que o sexo feminino é adaptado à gravidez para o suporte da criança, especialmente na região do quadril. E o fato de possuir quadris mais largos do que o sexo masculino, pode indicar maiores índices de flexibilidade nessa região. O mesmo autor comenta que outro fator pode ser levado em consideração, é que no sexo feminino há maior quantidade de estrógeno, menor desenvolvimento da massa muscular e maior acúmulo de água e polissacarídeos que no sexo masculino, mas não foi feito experimento a este respeito.
Pessoas do mesmo sexo e idade podem possuir graus de flexibilidade totalmente diversos entre si, e uma grande massa muscular pode muitas vezes impedir fisicamente a finalização de diversos movimentos. Outros fatores como hora do dia, temperatura ambiente, exercícios de alongamento e fadiga, também afetam a flexibilidade e, são chamados de fatores exógenos (DANTAS, 1999).

2.6 AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE

Avaliar a flexibilidade é de suma importância, pois, é por meio da avaliação que se cria melhores condições para acompanhar o desenvolvimento da qualidade física em questão. Barra e Araújo (2007) afirmam que com a avaliação da flexibilidade podemos perceber se há correlações de lesões, dor ou recuperação dos esportistas e, que é relevante saber esses parâmetros para que se possa estimar até que grau isso pode afetar nas atividades diárias.
Os Instrumentos de avaliação precisam ser consistentes para que possam permitir uma caracterização mais precisa do nível de flexibilidade e, dessa forma contribuir para responder dúvidas e definir as implicações das possíveis diferenças da flexibilidade. Para isso Achour Júnior (2006) declara haver a necessidade dos instrumentos serem fidedignos, válidos e acessíveis para avaliar a flexibilidade das diversas articulações.
Os principais métodos para os testes da flexibilidade datam de, pelo menos, algumas décadas, mas, continuam a ser utilizados ao longo dos anos. Esses testes podem ser divididos em três grupos: testes angulares, testes lineares e testes adimensionais. Os testes angulares são caracterizados por expressar suas medidas em ângulos, o mais utilizado é a goniometria. Os testes adimensionais são aqueles que não possuem unidades convencionais de quantificação para expressarem o resultado obtido e podem ser subdivididos em dois tipos: os que atribuem valores numéricos ou pontos a determinados graus de amplitude de movimentos articulares e os que apenas classificam as resposta em sim ou não ou, ainda, em positiva ou negativa, um exemplo típico desse tipo de teste é o flexiteste de Pavel e Araújo. Já os testes lineares, expressam seus resultados em escala de distância, tipicamente em centímetros ou polegadas, o teste de sentar e alcançar, e extensão de tronco e pescoço se classificam nesse tipo de teste (DANTAS, 1999).
Um único teste não é capaz de avaliar generalizadamente a flexibilidade corporal dos indivíduos, desta forma, cabe ao avaliador procurar um teste que se enquadre no perfil da avaliação que ele pretende realizar. Ou seja, cada teste avalia uma dada região, por exemplo, o teste de sentar e alcançar, que é um dos testes mais utilizados para mensurar a flexibilidade do quadril, dorso e músculos posteriores dos membros inferiores.

2.2 A IMPORTÂNCIA DA FLEXIBILIDADE NA ARTICULAÇÃO DO QUADRIL

O quadril é uma articulação muito complexa, que liga o osso da coxa (fêmur) ao osso da pelve (acetábulo), esse arranjo articular destina-se a proporcionar estabilidade e mobilidade (KONIN, 2006). Os movimentos da região do quadril são realizados por uma única articulação, denominada Coxofemoral. Essa articulação é considerada sinovial e esférica, e possui três eixos e três graus de liberdade de movimento. O eixo-transversal está situado em um plano frontal, em volta do qual se realizam os movimentos de flexão/extensão; o eixo ântero-posterior localiza-se num plano sagital passando pelo centro da articulação, em torno desse eixo se efetuam os movimentos de abdução/adução; há também o eixo vertical, que permite os movimentos de rotação interna e externa (PALMER & EPLER, 2000; KISNER & COLBY, 2005).
Os músculos tem um papel essencial na estabilidade do quadril. Nessa região eles se classificam em: músculos flexores, músculos extensores, músculos abdutores, músculos adutores e músculos roladores externos e internos. O encurtamento e a fraqueza dos músculos extensores do quadril podem limitar sua amplitude de flexão e reduzir a amplitude articular e, pode também reduzir a flexibilidade da musculatura flexora do quadril comprometendo o desempenho da mobilidade articular (CRISTOPOLISKI, et al. 2008).
Segundo Kisner e Colby (2005) uma má biomecânica do quadril devido ao desequilíbrio de flexibilidade e força muscular pode predispor dores no quadril ou perpetuar dores já existentes, também pode afetar os membros inferiores durante atividades com apoio do peso, causando assim, síndromes de uso excessivo ou sobrecarga em algumas regiões como joelho e tornozelo. Dentro desta perspectiva, a manutenção da funcionalidade dos músculos do quadril que atuam ao redor desta articulação, possui um papel importante, logo, faz-se necessária a procura por estratégias que visem reduzir a perda da flexibilidade nessa região (CRISTOPOLISKI, et al. 2008).

3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

De acordo com Silva e Menezes (2008) o presente estudo enquadrou-se como pesquisa aplicada, quantitativa e descritiva, com característica de estudo de caso.

3.2 AMOSTRA

A amostra utilizada no estudo foi obtida de forma intencional e por acessibilidade, foi constituída por 35 voluntários do sexo masculino, na faixa etária de 20 a 29 anos, oriundos de diferentes grupos de capoeira da zona norte de Teresina-Piauí.
Critérios de inclusão:
a) Gênero masculino;
b) Treinar capoeira regularmente nos últimos doze meses (no mínimo duas e no máximo cinco vezes por semana);
c) Ter idade entre 20 e 29 anos.
Critérios de exclusão:
a) Praticar outra modalidade esportiva além da capoeira;
b) Ter histórico cirúrgico da região lombar, quadril e/ou membro inferior nos últimos dois anos;
c) Apresentar dor na região lombar, quadril e/ou membro inferior (de qualquer origem ou forma).

3.3 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS

Para medir a flexibilidade do quadril foi utilizado o banco de Wells, que é um instrumento composto por uma caixa de madeira com as seguintes dimensões: largura (35 cm), altura (35 cm) e comprimento (40 cm), na parte superior, há um prolongamento de (26 cm) com uma escala numérica, cujo valor máximo é (56,5 cm), separados a cada (0,5 cm). Com este instrumento foi realizado o teste de sentar e alcançar, proposto por Wells e Dillon em 1952, que tem a finalidade de medir a flexibilidade do quadril, dorso e músculos posteriores dos membros inferiores.

3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

Para a efetivação da pesquisa, foi elaborada uma rotina de trabalho que constou de três fases. Primeiramente foi reunido um grupo de capoeiristas para informar sobre a pesquisa que seria realizada. Em seguida os capoeiristas preencheram uma ficha de identificação, que continha pergunta sobre a quantidade de anos que eles praticavam capoeira e quantos dias os mesmos treinavam por semana. Logo depois foi agendada a data para realização do teste de sentar e alcançar.
Durante o teste, o avaliado fica posicionado sentado no chão, com os joelhos estendidos e pés apoiados na base do instrumento. O avaliado mantém os braços elevados, com as mãos sobrepostas de modo a realizar uma inspiração, e em seguida expira concomitantemente a flexão do tronco, tentando alcançar a maior distância possível, encostando os dedos na régua do banco. Esse procedimento foi demonstrado pelo pesquisador, em seguida, cada indivíduo repetiu o procedimento demonstrado para que se pudesse perceber o domínio correto de cada um. Após isso, o teste foi realizado três vezes com cada sujeito da amostra, sendo que o valor utilizado para fins de registro foi o de maior medida entre as três tentativas.

3.5 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS DADOS

Os dados coletados foram exportados para o programa de geração de gráficos Microsoft Excel 2007, para que fossem calculados os valores médios , percentuais e desvio padrão. Os resultados obtidos foram classificados de acordo com o nível recomendado para boa saúde sugerido por Nieman (1999). (Anexo A)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados serão apresentados por meio de tabelas e gráficos comparativos, em que serão observados os dados obtidos em relação à descrição das características da amostra e ao nível de flexibilidade do quadril alcançados pelos capoeiristas pesquisados.
A utilização de indicadores da flexibilidade são comumente utilizados como indicador de saúde, sendo que baixos níveis nessa variável possuem fortes associações com o aparecimento de lesões e dores na região lombar e/ou quadril, dessa forma, acredita-se ser sumamente importante saber parâmetros para que se possa estimar até que grau a flexibilidade pode afetar nas atividade diárias e esportivas dos indivíduos (BARRA & ARAÚJO, 2007; KISNER & COLBY, 2005).
Pode-se observar na tabela 1, a seguir, que os participantes desse estudo apresentaram idade média de 24,34 anos, com o desvio padrão de ± 2,79 anos, e o tempo de prática da capoeira com média de 8,97 anos e desvio padrão de ± 3,95 anos. Sabe-se que a flexibilidade pode diminuir com o aumento da idade, mas, os indivíduos que permanecem ativos tem tendência a manter seus índices ou desenvolver novos índices de flexibilidade, desde que tenham um treinamento apropriado (DANTAS, 1999; ACHOUR JÚNIOR 2009).

TABELA 1 – Valores descritivos, média e desvio padrão, para variáveis de idade e tempo de prática.

AMOSTRA IDADE MÉDIA SD T. PRÁTICA SD
35 sujeitos 24,34 anos 2,79 anos 8,97 anos 3,95 anos

Em relação ao nível obtido por cada praticante, como pode ser observado no gráfico 1, percebe-se que a maior parte dos capoeiristas avaliados obtiveram níveis de flexibilidade acima de 30 cm. Isso demonstra que as rotinas dos treinos realizados na prática da capoeira podem proporcionar aos seus adeptos a aquisição e o aumento da flexibilidade do quadril. No entanto, o treinamento ou a falta dele, não é o único fator que pode influenciar o nível da flexibilidade nos indivíduos, autores como Barbati (1981), Alter (1999) e Watkins (2001) citado por Schmidt (2005) concordam que a estrutura da articulação, a hereditariedade, o sexo, fatores externos, como horários e temperatura ambiente, podem influenciar diretamente o nível da flexibilidade dos indivíduos.

Gráfico 1 – Valores individuais dos níveis de flexibilidade obtidos pelos capoeiristas.

As porcentagens obtidas referente à classificação do nível de flexibilidade obtidas pelos capoeiristas, observado no gráfico 2, apontaram que 26% ou 9 praticantes se encontram dentro do nível recomendado, enquanto que 23 sujeitos ou 65% estão acima desse nível e apenas 9% ou 3 praticantes não alcançaram o nível recomendado para a saúde proposto por Nieman (1999), que na faixa etária estudada é de 30 a 39 cm.
O fato desses indivíduos não chegarem ao nível estabelecido, pode ter ocorrido em razão da amplitude de movimento ser específica de cada articulação do corpo. Por exemplo, um atleta pode ser flexível nos quadris, mas, rígido nos ombros, ou rígido no quadril direito e flexível no esquerdo (ALTER, 1999a). Outra argumentação para tal acontecimento encontra-se nos estudos de Cristopoliski et al. (2008) em que os autores afirmam que o encurtamento e a fraqueza dos músculos extensores do quadril podem comprometer o desempenho da mobilidade articular nessa região.

Gráfico 2 – Classificação de acordo com o nível recomendado para a saúde.

Estudos mostram que a flexibilidade é uma qualidade física que apresenta declínio em seu desenvolvimento mais precocemente que as demais. Oliveira (2001) citado por Cruz et al. (2010) afirma que ocorrem diferenças importantes entre os 20 e 30 anos, e que isso não acontece da mesma forma com valências como força e capacidade cardiorrespiratória. Achour Júnior (2006) acrescenta que nas idades mais avançadas o que é questionado é se a flexibilidade diminui em razão do aumento da idade ou se são feitos menos movimentos, ou ainda se por ambas as causas.

TABELA 2 - Média, desvio padrão (sd), valor mínimo e valor máximo obtido no Banco de Wells (em cm).

MÉDIA SD MÍN MÁX
40,87 cm 6,67 cm 23,0 cm 50,5 cm

Apesar de haver muitas informações sobre ser possível a perda dos níveis de flexibilidade com o decorrer da idade, pode-se observar, através dos achados demonstrados na tabela 2, que a média dos participantes da amostra está acima do nível sugerido por Nieman (1999). Segundo Hollmann e Hettinger (1989) citado por Marchand (2002), as pessoas que praticam esportes regularmente apresentam maiores níveis de flexibilidade porque desempenham movimentos acima da média. Diante do exposto, torna-se visível, que a capoeira quando praticada de forma regular, além de desenvolver e aumentar o nível de flexibilidade, pode também manter essa qualidade física com o aumento da idade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A capoeira é um assunto pouco estudado no meio acadêmico, por esse motivo, a dificuldade de encontrar produções científicas que relacione a prática da capoeira com a flexibilidade foi o maior desafio para a efetivação desse estudo, no entanto, os objetivos foram devidamente alcançados.
Diante dos resultados expostos, conclui-se que a capoeira quando praticada regularmente pode ser uma excelente atividade física para aquisição, manutenção e para o aumento da flexibilidade. Entretanto, recomenda-se que novos estudos sejam realizados, aprofundando o assunto, inclusive investigando outras variáveis, pois, acredita-se que, por não ter sido efetuado um estudo comparativo do nível de flexibilidade entre praticantes e não praticantes de capoeira, além de, não ter sido utilizado outros métodos de avaliação, considera-se os eventuais achados, limitados apenas para o presente estudo.

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SILVA, Eusébio Lôbo da. O corpo na capoeira: Fundamentação operacional dos movimentos básicos de Capoeira. São Paulo: Editora da Unicamp, 2008a, v. 3.

SILVA, Eusébio Lôbo da. O corpo na capoeira: o corpo em ação na capoeira. São Paulo: Editora da Unicamp, 2008b, v. 4.

SILVA, E. Lúcia da; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3. ed. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC,2001. Disponível em: . Acesso em: 05. Jan. 2011.

SILVA, Robson Carlos da. Capoeira: o preconceito ainda existe?. Teresina: Gráfica Ipanema, 2008c




* GEORGE FREDSON DA ROCHA SERRA (Mestre Touro) - É professor de Educação Física e Mestre de Capoeira do Raízes do Brasil

sexta-feira, 17 de junho de 2011

CAMPEONATO REGIONAL DE CAPOEIRA RAÍZES DO BRASIL

O CURSO É ABERTO PARA TODOS OS GRUPOS VENHA E PARTICIPE!!!


DE 17 A 20 DE AGOSTO DE 2011
CURSO E PALESTRA

INSCRIÇÕES:
CADASTRADOS: R$ 10,00
NÃO CADASTRADOS: R$ 40,00
OBS: COM DIREITO A PARTICIPAÇÃO E CAMISA DO EVENTO

INFORMAÇÕES:
mestretucano@hotmail.com - 86. 8856 4473
tourocapoeira-pi@hotmail.com - 86. 8806 1047 / 9903 8752
corujapi@hotmail.com - 86. 8852 3810 / 9974 9341

REALIZAÇÃO:

ASSOCIAÇÃO CULTURAL DE CAPOEIRA RAÍZES DO BRASIL - PIAUÍ

DIREÇÃO:
MESTRE TUCANO, MESTRE TOURO E MESTRE CORUJÃO

domingo, 5 de junho de 2011

DESENVOLVIMENTO TECNICO DA CAPOEIRA INFANTIL NA FAIXA ETARIA 5 A 6 ANOS DO COLEGIO MARISTA - DF

Apenas na posição agachada. E utilizada quando o capoeirista não possuiu a noção exata se o golpe vem da direita ou da esquerda ou quando o golpe é desferido com rapidez, pois é fácil de ser executado. (LIMA, 2007)
Role movimento por meio do qual o capoeirista enrola o corpo rapidamente no chão com o auxilia das mãos e dos pés, afastando-se ou aproximando-se do seu oponente. (LIMA, 2007)

RESULTADOS:

O gráfico 01 demonstra a faixa etária das crianças que participam das aulas iniciais de capoeira no Colégio Maristinha.
Gráfico 1: Faixa etária


O presente estudo tem como objetivo observar e comprovar que através da técnica da capoeira infantil, utilizando brincadeira e jogos lúdicos, ajudam o desenvolvimento motor e psíquico das crianças. A metodologia utilizada foi ensinar movimentos básicos da capoeira com crianças de ambos os sexos que iniciaram a capoeira no inicio do mês de agosto, no Centro de Ensino Marista, localizado na Quadra 609 L2 Sul – Brasília – DF. A amostra foi composta por 12 crianças, com idade entre 05 e 06 anos, de ambos os sexos, estudantes do colégio tendo que ter um único critério nunca ter praticado capoeira. Conclui-se que existe um ganho muito grande no desenvolvimento motor, psíquico e ainda contribui para melhorar o aspecto social.

Palavras-chave: Educação Infantil. Capoeira. Crianças.

INTRODUÇÃO

Desde de 1960 a capoeira tem sendo inserida dentro das escolas, fazendo parte de uma Instituição, juntamente com a familia, tem papel central no processo educativo de crianças e jovens. Nos últimos anos, a inserção da capoeira tem sido um processo bastante significativo nas principais regiões do Brasil. Da mesma forma, nos diversos paises em que a capoeira se faz presente, observa-se processo semelhante. Frente a este fenomeno, ao qual é chamado de capoeira escolar, pesquisadores tem defendido dissertações e teses que abordam diferentes aspectos da relação entre capoeira e escola.
A maneira pela qual a capoeira é oferecida na escola pode-se diferenciar de uma instituição para outro. Na maioria das vezes, a capoeira é oferecida como uma atividade extracurricular, em que um professor ou Mestre de Capoeira trabalha com os alunos fora do periodo das aulas curriculares.
Em algumas escolas de educação infantil, a capoeira é oferecida como única opção de atividade fisica para as crianças por se acreditar que a gama de ações motoras presentes na capoeira possibilita o desenvolvimento integral dos alunos. Outras instituições oferecem diversas outras modalidades deixando a criança livre para escolher. Dessa forma, a atividade de capoeira também é ministrada por um especialista em capoeira que pode ser um Mestre ou um professor com ou sem formação na área de educação fisica.
O carater lúdico é um estado de espirito relacionado ao brinquedo, a alegria, ao jogo, ao prazer pela vida, a sensibilidade, à espontaneadade, à criatividade, à instituição, a imaginação e à liberdade. O lúdico é próprio do mundo da criança, que se encanta com a capoeira quando encontra nela esses elementos.
Segundo Soler, 2002, o jogo de capoeira pode ter muitas funções, entre elas serve para descobrir, depertando nos seus participantes uma contínua sensação de exploração e descobrimento; para relacionar; equilibrar, na medida em que o corpo e a alma entram em um circuito regulável de tensão e reçaxamento; para transmitir valores; cultura; entre outras funções.
Segundo o dicionário Aurélio (HOLANDA,2006), educação é um “processo de desenvolvimento da capacidade fisica, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando sua melhor integração individual e social”. Ou ainda, “ aperfeiçoamento integral de todas as faculdades humanas”.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a composição da amostra foram selecionados n=12 crianças, sendo 11 meninos e 01 menina, entre 05 e 06 anos de idade, iniciantes das aulas de capoeira, único pré requisito para participar da pesquisa. Esses alunos fazem aulas extra curriculares de capoeira ministradas no colégio Marista - Maristinha, localizado na 609 L2 Sul – Brasília – DF.
O instrumento de pesquisa foi realizado através de observações e anotações feitas durante pós, as aulas que tinham duração de uma hora e ministradas nas sextas-feiras pelo próprio autor. Essas observações começaram a serem feitas no mês de agosto até novembro, com duração de quatro meses. Para avaliar e observar o desenvolvimento das técnicas
O instrumento de pesquisa foi observar a melhora das técnicas ensinada nas aulas lúdicas de capoeira, com os seguintes movimentos básicos técnicos: Ginga, aú, meia-lua de frente, cocorinha e role. Conceituaremos cada movimento pesquisado
Procedimentos: Foram observados os elementos citados acima e descriminados em baixo:
Ginga é um movimento característico da capoeira que consiste na sincronia de braço e perna executado pelo capoeirista em vai-e-vem harmônicos de avanços e recuos, iludindo o adversário e buscando a melhor oportunidade para deferir seus golpes e contra golpes.(LIMA, 2007)
Aú movimento que na capoeira corresponde ao posicionamento do corpo apoiado nas mãos (em representação ao desenho da letra a) com os pés erguidos e abertos (em representação ao desenho da letra u).(LIMA, 2007)
Meia-lua de frente consiste no movimento de adução da perna estendida, porém passando pela linha média do corpo. É, como o próprio nome indica: desenhar uma meia lua com os pés. (LIMA, 2007)
Cocorinha esquiva de capoeira na qual o praticante se abaixa de frente para o adversário, com os braços protegendo o rosto, não sendo admitido que nenhuma da mãos vá ao chão. O apoio do corpo deverá ser apenas sob os pés, podendo estar estes sob a ponta ou não. Esquiva simples que consiste


O gráfico 2 demonstra o desenvolvimento das técnicas básicas de capoeira durante os meses de pesquisas e a quantidade de alunos que conseguem executar os movimentos corretamente.

Gráfico 02: Desenvolvimento

DISCUSSÃO
Algumas informações são fundamentais para analisar a participação das crianças neste projeto de pesquisa Percebe-se analisando o gráfico 01 que a maioria das crianças são meninos na faixa etária entre 05 e 06 anos, e mostra que ambos os sexos podem realizar esse esporte sem nenhum preconceito. O gráfico 02 mostra que a maioria das crianças conseguiram aprender da maneira correta os movimentos primários da capoeira A metodologia utilizada e a experiência do professor teve muita influência facilitando o aprendizado e a compreensão das crianças, confirmando essa informação (SILVA E HEINE, 2008) quando dizem que em uma outra situação a capoeira pode ser utilizada como conteúdo das disciplinas escolares por um professor que já trabalhe na escola e que possua conhecimento de capoeira. A capoeira é jogada em dupla. Além da dupla que joga, para formar uma roda de capoeira, é necessário um grupo de outros capoeirista que batam palmas, cantem e toquem instrumentos. A capoeira é um fenômeno social em que existe uma constante interação entre os seus participantes. Como afirma (SODRÉ, 2002) por trás dela não se abriga o “eu” isolado e onipotente, e sim o grupo – múltiplo diferenciado, polimorfo, coletivo de alma – que faz eco criativo a uma tradição ritualística, musical, narrativa e corporal de origem negra. Com isso vemos como é essencial a presença de valores e fundamentos como cooperação, respeito e amizade. Quando se joga capoeira, a criança aprende a respeitar a integridade física e moral dos colegas. Ensina também a respeitar as regras, as tradições que envolvem as práticas, o ritmo que a orquestra impõem, os mais velhos e os mais novos, todos com suas qualidades e dificuldades. Existe um consenso que a figura do Mestre de Capoeira deve ser especialmente respeitada, por uma questão de hierarquia e tradição. Isso contribui para a percepção de respeito aos mais velhos, por aqueles que possuem maior experiência e sabedoria. Da mesma forma, os mais novos e iniciantes devem ser respeitados no jogo de capoeira, pois o respeito começa antes do individuo ser capoeirista, pela sua condição de ser humano. Também no jogo de capoeira, pode-se desenvolver a consciência da individualidade e do respeito às diferenças, em que crianças, jovens, adultos e idosos, brancos, negros, amarelos, índios, mulatos e caboclos, ricos e pobres integram em constante dinâmica e desenvolvem um sentido real de democracia.

CONCLUSÃO

Conclui-se com a essa pesquisa que a capoeira é uma grande educadora e tem um papel muito importante no processo educativo com as crianças. A capoeira pode educar se o praticante envolver-se com ela, com seus rituais, seus movimentos, sua história, sua música, sua filosofia, seus mestres, seus professores e seus camaradas na roda. Além da divulgação cultura que precisa ser feita.

REFERÊNCIAS
SILVA, Gladson de Oliveira, HEINE, Vinicius. Capoeira: um instrumento psicomotor para a cidadania – São Paulo: Phorte, 2008.
HOLANDA, A.B. Mini-Aurélio. O Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Positivo, 2006.
SODRÉ, M. Mestre Bimba: Corpo de Mandiga. Rio de Janeiro: Manati, 2002.
LIMA, Mano. Dicionário de Capoeira. Brasília: Conhecimento Editora, 2007.


* William Siqueira de Oliveira (Mestre Cará) - É professor de Educação Física e Mestre de capoeira do Raízes do Brasil/DF

domingo, 22 de maio de 2011

Bienvenido al nuevo sitio web Raíces de Brasil - Venezuela

Portada del nuevo sitio de Raíces de Brasil - rama Venezuela.

Hoy en día la capoeira fuera de Brasil está bien desarrollado. Hay muchos grupos buenos y capoeira (brasileños y extranjeros) que trabajan en todas partes, y esto es muy interesante para la capoeira como un todo. Un buen ejemplo es el trabajo realizado por Cole y de posgrado Asistente de Monitor, ambos venezolanos.

El Centro Cultural Raíces de Brasil Capoeira Venezuela, desarrolla sus actividades en las siguientes áreas:

Universidad Central de Venezuela (UCV).
Plaza cubierta del rectorado.
Horarios: Lunes, Miércoles y Viernes de 6 PM a 8 PM.
Encargado: Monitor Coelho.
Teléfonos de contacto: 0412-202-88-67.


Plaza de los Palos Grandes.
Horarios: Sábados y Domingos de 9:30 AM a 11:30 AM.
Encargado: Alumno Graduado Feitizero.
Teléfonos de contacto: 0412-7369104

Vale la pena comprobar el nuevo sitio de Raíces de Brasil - Venezuela

Linea de: www.raizesvenezuela.com.ve/

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Nota de Falecimento: Mestre Peixinho - Senzala - *1947 +16 de Maio de 2011


"Mestre Peixinho: Agora uma Lenda"

Até assim ele foi capoeira, nos deu uma" finta" do seu golpe no dia 15-05-2011, quando da primeira noticia, mas desferiu seu golpe mortal em todos nós capoeiras, amigos e irmão , nesta madrugada do dia 16-05-2011.

A capoeira chora: mestre Peixinho, nosso camarada, passa para o plano astral se consagrando definitivamente uma ESTRELA.

Nosso camarada, ele que sempre conseguiu transitar num mundo de luta sem criar inimigos... com seu jeito de jogar a capoeira técnicamente perfeito, capaz de superar sempre a violência.

Há apenas dois dias num telefonema meu, tive como retorno, uma receptividade de quem sabia dar a volta do mundo na doença que o acomedia.

Mas esse tal de câncer, consegue separar para sempre, mestre de alunos, amigo de amigo, irmão de irmão.

Agora meu irmão, você tem a grande chance de jogar uma capoeira de alto astral, com mestre Bimba, mestre Pastinha e muitos outros que são iluminados por essa luz que nós mortais chamamos de "ESTRELA".

Boa viagem meu irmão, abraços, axé e Salve.

Mestre Peixinho nasceu em Vitória, Espírito Santo, em 1947. Iniciou a capoeira em 1964, entrando para o grupo que veio a ser denominado Grupo senzala, em 1965, sendo um de seus fundadores. Participou do torneio berimbau de Ouro em 1967, 1968 e 1969. Ministrou aulas de capoeira na UFRJ de 1973 a 1980, na UERJ de 1979 a 1983. Participou de exibições e shows no teatro Municipal (1971) e Sala Cecília Meireles (1969), Festival Internacional na Ilha de Reunion (1977), Projeto brasil em Preto e Branco, durante seis meses na Europa, em 1987, organizador dos primeiros encontros europeus de capoeira a partir de 1987 e dos Encontros Escandinavos de capoeira, a partir de 1990.

Mestre Peixinho coordenava um extenso grupo de professores que ensinam em diversas cidades brasileiras, européias e americanas do norte.

O Grupo senzala constituiu-se nos anos sessenta. Cresceu procurando aperfeiçoar-se por meio de contactos com outros capoeiristas, através do treinamento intensivo e na procura dos fundamentos com a "Velha Guarda da Capoeira", passando vários períodos em Salvador, Bahia.Foi em 1967, que o grupo à procura de outras experiências, se inscreveu no torneio "Berimbau de Ouro". Para surpresa geral, venceu o torneio, e repetiu o feito por três anos consecutivos. Além de maturidade, ganhou o respeito e destaque nacionais ( Brasileiros ). Mais tarde, o grupo descentralizou-se, com seus membros ensinando em diferentes clubes, academias e universidades, e a reunir-se aquando da formação de novos 'Mestres" e graduação de alunos.Actualmente, está representado em todo o brasil e em muitos outros países e apesar de ter tido milhares de alunos durante esse período, formou pouco mais de dez "Mestres". É esta exigêcia de qualidade e nível técnico, aliada à dedicação consciência dos valores históricos da capoeira que tem feito e mantido o nome "Senzala", como grande referência no brasil e em todo Mundo.

Fonte: www.portalcapoeira.com

13 DE MAIO DE 1888 - O processo que nos levou a abolição da escravatura

O Brasil foi descoberto em 1500.A partir de 1516 começa a colonização européia no Brasil.
No início os índios eram usados como mão de obra escrava, mas essa pratica foi proibida pelo Marques de Pombal, por serem os índios considerados pouco aptos ao trabalho.
Começava assim no século XVI, com a produção canavieira, a escravidão dos negros no Brasil, pratica já comum na Europa.

Os Negros eram trazidos do continente Africano nos porões do navios, em condições desumanas de alimentação e higiene. O que muitas vezes causava a morte de parte da "Carga", os corpos eram jogados ao mar.
Tratados como mercadoria, os negros tinham valores diferentes de acordo com as condições de saúde e idade. Até o lugar de origem influenciava no preço a ser pago pelo escravo. Além disso, o dia-a dia dos escravos incluia de 14 a 16 horas de trabalhos forçados e sessões de castigos físicos. Vestiam trapos e se alimentavam no máximo duas vezes ao dia.
Dormiam em Senzalas, acorrentados e trancafiados, como forma de prevenir as fugas. Quando os escravos conseguiam driblar a vigilância dos feitores, fugiam para os Quilombos. Os Quilombolas muitas vezes atacavam as fazendas e se tornavam um perigo para os senhores e seus capatazes.
Por quase 300 anos essas praticas foram comuns e até consideradas normais.
Em 1850, com a Lei Eusébio de Queirós, foi extinto o tráfico negreiro.
Em 1871, foi declarada a Lei do ventre livre, que tornava livre os filhos de escravos nascidos a partir daquela data.
Em 1885, foi aprovada a Lei Saraiva-Cotegipe, também conhecida como Lei dos Sexagenários que alforriava os negros após os 60 anos.
Em 1886, o governo proíbe os castigos físicos aos escravos.
Em 13 de Maio de 1888, Princesa Isabel Assinou a Lei Áurea, que concedia a liberdade total a todos os escravos. A idéia de que a Princesa teria sido extremamente generosa em seu ato Abolicionista, vem sendo questionada por muitos historiadores, que dão como certo o fato de que as rebeliões que aconteciam por todo o país ameaçavam a ordem imperial e escravista. O que tornava a escravidão inviável do ponto de vista econômico e político.
Todas as injustiças cometidas durante séculos de escravidão, não tiveram compensação com a Lei Áurea, os negros desamparados, sem estudo e sem emprego passaram a viver a margem da sociedade. As mulheres negras continuavam a fazer serviços domésticos, com baixa remuneração. Devido a discriminação, os homens negros que disputavam o serviço pesado com outros imigrantes, não conseguiam trabalho.
Hoje 123 anos depois da assinatura da Lei Áurea, ainda encontramos discriminação. Porém é uma discriminação velada, em forma de piadas racistas e sem graça. O negro ainda precisa de cotas pra ver assegurado seu direito ao ensino superior e muitas vezes é comum escutarmos histórias de negros que chegam ao sucesso profissional e tem questionadas as suas capacidades. É muito triste que os homens ainda gostem de brincar de raça superior, tal qual fez Hitler matando milhares de Judeus no Holocausto.
Somos todos iguais perante Deus e o Estado. Façamos nossos direitos serem cumpridos.

fonte:
http://capoeiradetodamaneira.blogspot.com
http://estudeonline.net/revisao_detalhe.aspx?cod=23
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%C3%81urea#A_Lei_.C3.81urea_perante_a_historiografia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Coloniza%C3%A7%C3%A3o_do_Brasil#O_in.C3.ADcio_da_coloniza.C3.A7.C3.A3o_europeia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravid%C3%A3o